Mato Grosso
Redução de políticas públicas voltadas para o campo contribui para aumento de conflitos agrários, diz coordenador da CPT
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A permanência de Mato Grosso no topo da lista dos estados com maior número de casos de violência no campo da região Centro-Oeste é preocupante, na avaliação do coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Paulo César Moreira dos Santos. Ele foi o entrevistado no quadro Papo das Seis do Bom Dia Mato Grosso, desta segunda-feira (2).
Segundo Paulo, as grilagens de terras, a diminuição das políticas públicas voltadas ao setor rural e a vulnerabilidade dessa população têm sido os principais fatores para o aumento da violência no campo.
Dados divulgados em abril deste ano apontam que 28 mil das mais de 552 mil pessoas que moram no campo em Mato Grosso se envolveram ou sofreram algum tipo de conflito no campo, em 2018. Houve aumento de 103,11% de famílias que sofreram ataques de pistoleiros.
O coordenador destacou que Mato Grosso também está entre os estados mais violentos do país nas regiões rurais.
“A situação é grave. Há muitos anos Mato Grosso lidera esse ranking de violência, tendo em vista que a população rural do estado não é tão grande quanto a de outros estados”, afirmou.
De acordo com Paulo, a violência no campo é mais intensa nas regiões noroeste e norte do estado.
“É preciso que a sociedade pressione o estado para que faça políticas públicas, principalmente, nessas regiões. O histórico de violência em Mato Grosso é antigo e precisa ser combatido”, pontuou.
Segurança mostra marcas de tiro em carro onde ocorreu confronto em fazenda em Colniza — Foto: Arquivo pessoal
O coordenador disse ainda que a atuação de pistoleiros contratados por fazendeiros e as famílias colocadas em áreas de projetos, mas que ficam vulneráveis devido ao baixo nível de fiscalização têm aumentado os índices de violência.
“A injustiça aos direitos da população rural é muito grave. É difícil até para eles registrarem um boletim de ocorrência na polícia sobre a violência que sofrem. Falta atenção para essas pessoas”, ressaltou.
Em 2018, 28.598 pessoas se envolveram em conflitos no campo. Foram 633 famílias despejadas, 550 famílias expulsas, 1.164 famílias vítimas de pistolagem, 1.904 conflitos por terra indígena, 1.674 trabalhadores sem-terra envolvidos em conflitos, 949 assentados e 627 posseiros.